14 de novembro de 2010

Olhai os lírios do campo


Sempre imaginei que se eu fosse uma flor, seria uma orquídea, mas hoje descobri que sou um lírio. Você já parou para observar como os lírios são delicados e, ao mesmo tempo, resistentes? Como o perfume de uma só flor se espalha pelo ambiente, deixando uma marca inconfundível? E se você a balançar mesmo que levemente, fica impregnado de pólen e do cheiro. O lírio abre lentamente. Não, não abre. Se escancara. Mostra cada dobra, cada pinta, seu pistilo molhado, tudo. Não pede desculpa pelo perfume, nem pelas cores firmes. "E, no entanto, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles."
Mesmo em seu ocaso, o lírio envelhece diferente; vai secando as pontas, trocando de cor e perdendo o viço, mas mantém o perfume. Você já quis algo tanto que te dói? Eu fui assim quando sabia quem era. Melhor, quando tinha orgulho de quem era. Depois fui perdendo o perfume, a cor, o viço. Hoje, sou flor de plástico. E todo mundo sabe que "as flores de plástico não morrem".

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