30 de setembro de 2010

Com vocês, Jamie Cullum.

Para quem ainda não entendeu a diferença entre regravar uma música e fazer uma versão.

The joke is on us



Meu país parou de se levar a sério justamente na melhor fase internacional, quando sua imagem estava começando a melhorar. Acompanhar as eleições no exterior é penoso. A gente ri das propagandas eleitorais, ri das colunas contra e a favor do fulano, ri dos comentários nos blogs, finge que não é no nosso país e se sente terrivelmente impotente. O Brasil precisa se olhar no espelho.

26 de setembro de 2010

Do que é feito o blues


Morar nos Istaites tem dessas coisas meio déjàvu. No começo, então, é sempre a sensação de estar em um filme. Você já viu aquela escola, aquele diner, aquela limusine com os formandos, só que agora você está no filme também, entende? Com o tempo passa e tudo aquilo faz parte da sua rotina.
Daí é hora de ir para um lugar novo e ser gratamente surpreendido. Foi assim esse fim de semana. Chegamos umas dez da noite na casa centenária, meio remendada aqui e acolá, com pôsteres de BB King na parede, mesas de fórmica já saindo o tampo... uma verdadeira espelunca. Só nossa mesa de brancos, chamando a atenção.
Sem menu, sem cerimônia, sem turista. O baterista escostado na parede com aquela cara de paisagem, o guitarrista meio escorregado na cadeira pensando na morte da bezerra, o cantor com aquele dente de ouro, na dele. E desde a primeira nota não conseguimos mais tirar os olhos da banda, nem parar de mexer o pé. Não satisfeita, vem a garçonete com peitos fartos cheios de notas de um dólar nos tirar para dançar e lá vamos os turistas mostrar de que é feito o blues. Rã, rã, do que pensávamos ser feito, até chegar a vocalista esquálida, calibrada de uísque local e uns trinta anos de fumante, com aquele soul, a voz, a história, a persona, o blues verdadeiramente. E nós, sem entender os códigos ou o ritual fomos transportados para ali mesmo: para o Mississippi.

14 de setembro de 2010

Contagem regressiva


Todo ano, no meu aniversário, eu faço uma lista das coisas que quero ou preciso para facilitar a vida daqueles que querem me presentear. Eu que compro presentes para muitas pessoas sei o quanto é difícil, ano após ano, inventar uma coisa criativa para extrair do aniversariando um "Wow". Este ano, porém, não vou fazer lista. Não poe capricho, vejam bem, mas porque o ano passado foi tão cheio de surpresas que de repente nem sei mais quem sou. Para falar a verdade, nem sei bem quantos anos vou fazer. Importa? Importa para alguém? Este ano, o que eu verdadeiramente quero é amantes de mim mesma. Quero aqueles que não me dizem o óbvio _ aquilo que consigo enxergar no espelho. Quero a ternura, o colo, o amor, a paixão, o desapego e, por que não, o impossível. Não é questão de merecimento; é carência mesmo.  E meio teste também, não nego. Talvez queira demais, bem sei, mas não seria eu mesma se não o quisesse. Enquanto isso, contagem regressiva: 15, 14...

12 de setembro de 2010

Insônia


Ai, acordei de novo. Que horas são? Quatro e meia. Que estória é essa de acordar todo dia às quatro da manhã? Não estou gostando nada dessa moda... Bem, vou fechar os olhos e pensar em coisas boas, calmas. Hmmm, deixa eu ver, estou em um lugar tranquilo. Respiro fundo. Cheirinho de lavanda esse travesseirinho que comprei. Adoro lavanda. Será que esqueci de alguma coisa para amanhã? Ah, se esqueci isso não é hora de lembrar. Preciso me concentrar em dormir. Relaxar. Isso. Respire fundo. De novo. Iiiiiiiiinnnnnnn, ooooooutttttttt, iiiiiiiiiinnnnnn, ooooooooooutttttttt. Dá trabalho respirar assim. Dá trabalho dormir. E se eu lesse alguma coisa? Quem sabe o sono bate? Não! Me recuso a me levantar ou a acender a luz. Como assim não consigo dormir? Preciso dormir porque senão fico aquele zumbi sem energia. Saco, viu? E se eu tomasse um remedinho? A essa hora? Aliás, que horas são? Cinco para as cinco. Ok, se concentre agora, Marília. Dormir. Bocejo, isso é bom, sinal do sono. Vou colocar meu white noise. Quem sabe ajuda? Ah, já que estou aqui, posto no facebook que estou acordada, às quatro da manhã, de novo, para variar. Barulho de mar ou de grilos? Mar é melhor. Mais soothing...hmmmmmm, bem melhor assim. O que será que está me incomodando? No trabalho está tudo tranquilo. Meio parado, até. A viagem está caminhando bem. Por falar nisso preciso ver aquele link com mais calma e achar tempo para reservar um tour privado do Vaticano. Não quero perder nada. Marília, dormir, lembra? Dormir. Já sei: um mantra. Estou com sono. Estou relaxada. Estou com sono. Estou relaxada. Estou com sono. Sede. Podia aproveitar e fazer xixi. Tá, agora que tomei conta de tudo, posso dormir sossegada. Esse travesseiro ainda não está bom. Não aguento mais procurar travesseiros. Daqui a pouco tenho uma fábrica. Mas também quando eu achar compro logo dois; não, três. Mas como vou saber que é bom até testar? Verdade. Preciso testar primeiro. Vou orar. Senhor, obrigada pela noite, pelo sono, pelo descanso, pelo trabalho. Obrigada pelos amigos, os de longe e os de perto. Obrigada...essa oração está parecendo de criança, hein? Melhor começar de novo: Pai querido, obrigada pela oportunidade de falar contigo e...zzzzzzzzzz

2 de setembro de 2010

O avesso do oposto


Estou começando a achar que o as pessoas preferem uma gentil falsa a uma grossa sincera. Dito isso, já aviso que me recuso a ser a primeira, uma por princípios e outra por birra mesmo. Afinal de contas, meu apelido é "Má com acento mesmo" por uma razão.